sobre
Ulisses [Ulysses, 1922]
do
autor irlandês James Joyce [1882-1941]
A
antiepopeia dos dramas cotidianos do homem comum
Introdução
Ulisses,
obra-prima, por suas técnicas e caracterizações, inspirou várias
obras no século 20, seja pelo uso do monólogo interior, o fluxo de
consciência, a confusão entre enunciados do Narrador e o acesso às
consciências das personagens, seja pela multiplicidade de estilos,
ora narrativo, ora dramático, ora solilóquios, ora questionário,
ora alucinações a la expressionismo, ora em 3ª pessoa, onisciente,
ou em 1ª pessoa, egocêntrica. Ou ainda, pela experimentações com
a linguagem, em trocadilhos, arcaísmos, neologismos, etc.
Assim
não é difícil rastrear influências em obras de Dos Passos,
Alfred Döblin, Jean-Paul Sartre, Anthony Burgess, Italo Clvino,
Umberto Eco, Salman Rushdie, para citar alguns. Experimentações com
estilo e jogos de linguagem, onde a literatura fla de si mesma,
autorreferencial, é uma marca da ficção do pós-moderno,
como apontam alguns críticos. Não entraremos no mérito aqui,
apenas mostramos como a obra iconoclasta de J. Joyce se intrometeu,
enquanto petardo da vangurada, na modernidade para formar outra
tradição.
Do
que trata o romance ou anti-romance? De um mosaico de cenas,
personagens e alusões. De um episódio a outro mudam-se os horários,
os locais, o foco narrativo, o estilo - ora mais lacônico, ora mais
verborrágico, ora mais didático, ora enciclopédico, ora
folclórico, ora mais hermético, em digressão, em interpolações,
e se evidenciam os paralelos / paródias com o poema épico, ou
epopeia, Odisseia, do grego Homero, com o filho a procura do pai
(Telêmaco), o pai em busca do filho (Ulisses, ou Odisseu), os
entorpecidos lotófagos, as sedutoras sereias, a perversa Circe, a
fiel (aqui, infiel) Penélope.
De
início, logo avisamos, este artigo, em MEU CÂNONE OCIDENTAL, não
pretende ser um guia de leitura de Ulisses - pois existem
alguns, até online, vide links - mas a minha leitura da obra.
Para além do aspecto lúdico, paródico ou iconoclasta, há uma
série de dramas humanos, demasiado humanos. Temos um rapaz que vive
entre uma Irlanda tradicional, provinciana, e uma Europa cosmopolita,
a viver em conflito com a família - a mãe religiosa e o pai
beberrão. É o Stepehn Dedalus, que conhecemos em Retrato do
Artista quando Jovem (link para o meu artigo publicado em MCO
aqui:
http://meucanoneocidental.blogspot.com.br/2012/04/sobre-retrato-do-artista-quando-jovem.html
), ao lado de um homem adulto, de ascendência judaica
centro-europeia, a viver entre nacionalistas irlandeses, fenianos
até, que suspeitam de ingleses e também de judeus, ele um pai a
sofrer com a ausência dos filhos, o menino falecido e a mocinha
distante, com a esposa fria e infiel, igualmente descendente de
judeus, da área hispânica, que vive uma carreira artística à
parte, enquanto Bloom sobrevive numa rotina mesquinha, a agenciar
anúncios comerciais para o jornal local.
Tudo
acontece - o relatado - em menos de vinte e quatro horas numa Dublin
provinciana, desde o despertar de Stephen e de Leopold, personagens
reais e humanas, ainda que excessivamente literárias, feitas de
retalhos de estilos, metalinguagem, intertextualidades, epifanias, as
alusões as mais herméticas, de história a cabala. Personagens que
emocionam, mais do que intrigam, vivem além das referências e
digressões.
Além
do barroco, do excesso estilístico, com alusões e referências, o
que J. Joyce quer denunciar é a pequenez da Irlanda, o
provincianismo, entre os nacionalistas e os britânicos, o drama dos
cidadãos comuns, a xenofobia contra os judeus - Bloom e sua
peregrinação de 'judeu errante' - e a mesquinhez cotidiana, entre
os preconcietos e falsos moralismos.
Muitas
leituras de Ulisses têm foco na linguagem vanguardista, ou
nos jogos de palavras, ou no caos do fluxo de consciência, e se
esquecem dos dramas que presenciamos. Stephen, o jovem professor, é
mais do que uma projeção de Joyce, é alguém que sofre com seu
idealismo, que, em vão, sente-se anticlerical e cosmopolita.
Perambula a digerir ideias, teorias, conceitos, filosofias, teses
teológicas, estéticas, poéticas, históricas, a remoer-se com
remorsos, por omissão ou evasão de seus dramas familiares.
Enquanto
isso, Leopold, o Sr. Bloom, vive na provinciana Dublin, entre as
personagens que já conhecemos de Dublinenses, coletânea de contos,
muitos baseados em fatos e pessoas reais, transmutados,
transfigurados pela escrita, que sofriam com a ironia de Joyce a
apresentá-los como seres literários. Assim Martin Cunningham, Tom
Kernan, Sr. Lehenan, Sr. Power, dentre outros. Assim até o líder
Charles Parnell [1846 - 1891], figura icônica para os nacionalistas,
aparece em alusões de humor corrosivo. Mas o tom de Ulisses
não é só sarcasmo, pois há muita amargura e melancolia nesta
obra-prima da paródia-antiepopeia.
mais
sobre Dublinenses em
https://falandoemliteratura.com/2015/01/11/resenha-dublinenses-de-james-joyce/
Agora
a questão das traduções. Qual tradução é a melhor? Temos o
trabalho com a linguagem na de Antonio Houaiss, temos o coloquialismo
na de Bernardina Pinheiros, temos as novidades, entre o erudito e o
moderno, na de Caetano Galindo. Nenhuma tradução é a melhor,
assim como nenhuma substitui a leitura da obra original - com todo o
esforço de atravessar o emaranhado da língua inglesa, acrescido dos
espinhos dos arcaismos, neologismos, trocadilhos [paranomásias], que
tornam a trilha bem árida.
No
original, confeso que consegui ler até o episódio 7 [Éolo],
com suas manchetes de jornal e exageros retóricos, ironias com o
jornalismo. Depois, precisei recorrer a tradução de Houaiss, e
tentar traduzir alguns trechos - o que ousei a partir de cinco
episódios [Calipso, Hades, Nausícaa, Circe e Itaca], já divulgados
em blogs em épocas de Bloomsday.
O
que deixa a leitura - e a ousadia da tradução! - mais difícil é a
profusão de alusões à história europeia ou as citações de
autores os mais diversos - filósofos, eruditos, políticos, etc. E
não bastasse o english entre o padrão e o dialetal, entre o
erudito e o coloquial, entramos em contato com expressões,
provérbios, citações em latim, grego, irlandẽs [gaélico],
francês, italiano, alemão, que exigem atenção / decodificação
no contexto, seja digressão, ou associação livre, pensamento
filosófico ou político, pois muitas parecem 'gratuitas', contudo
fazem parte de um raciocínio - ou mero devaneio - maior, que 'faz
sentido' para a personagem (o que foi vivido ou lido, ou ouvido ou
discutido) e para nós, leitores, surgem como enunciados deslocados.
Posto
isto vamos para a narrativa, o que aconteceu (e que gerou quase mil
páginas!) no dia 16 de junho de 1904 nas ruas de Dublin, cidade
escolhida por questões de 'geografia sentimental', como diria Pedro
Nava, onde o autor conhecera sua esposa, exatamente nesta data. É
possível recriar a cida somente com as descrições de ruas e
esquinas, pontes e igrejas, pubs e escolas, segundo certos
leitores. Seria interessante, e divertido, ter o mapa de Dublin em
mãos, mas não é obrigatório.
Preliminares
Primeiramente,
um contexto histórico. A Irlanda, ou Eire, o povo irlandês, de
cultura céltica, e culto católico, resiste aos avanços
imperialistas ingleses desde o século 17, época da Guerra civil, do
líder puritano Oliver Cromwell (1599-1658), chefe do Parlamento
contra os reis absolutistas, quando o conflito anglicanos X católicos
se intensificou, como percebemos em pleno século 20, na Irlanda do
Norte, onde as ruas de Derry, a noroeste da capital Belfast, foi
cenário do hediondo Bloody Sunday (30 janeiro 1972) quando
tropas inglesas atacaram a população irlandesa. Drama que se
arrasta por três séculos, um conflito étnico, religioso e
territorial - a ponto de gerar forças armadas, milícias e
guerrilhas, de lado e de outro, ingleses monarquistas contra o IRA
(Exército Republicano Irlandês), ligado ao partido político Sinn
Fein [Nós mesmos], considerado ilegal pelos britânicos (que ao
'anexarem' a Irlanda do Norte, junto com a Escócia e o País de
Gales criaram o Reino Unido).
Estas
questões sobre nacionalismo, separatismo, movimento feniano,
imprensa livre, identidade irlandesa estão ao longo de toda a obra,
numa contextualização que exige conhecimento enciclopédico
histórico - hoje facilitado pela Wikipedia, à disposição -
a ponto de somente ser compreensível um trecho, uma fala, um
discurso, um solilóquio, por um detalhe de uma batalha, ou uma
anexação, ou uma abdicação ou um regicídio.
Também
é interessante ter um conhecimento básico sobre mitologias grega e
céltica, pois alusões surgem aqui e ali, e como se trata de um
paralelismo paródico com a epopeia [poema épico] Odisseia,
do clássico Homero [que viveu cerca de nove séculos antes da Era
Cristã], é bem proveitosa uma leitura dinâmica da Odisseia, que
narras as aventuras e peripécias de Ulisses / Odisseu [o irascível]
depois da vitória sobre os troianos, na real & mítica Guerra de
Troia [narrada em Ilíada, também atribuída a Homero], na
qual Ulisses / Odisseu inventou o estratagema famoso, e vitorioso,
aquele do grandioso cavalo de madeira, onde se esconderam soldados
gregos.
O
que acontece
Nos
trẽs primeiros episódios [a Telemaquia] acompanhamos o jovem
professor Stephen Dedalus, o Telêmaco que vive na
Irlanda do primórdio do século 20, cheio de inquietações
existenciais [um proto-existencialista, a la Camus?] que indaga - e
se indaga - sobre tudo.
Do
alto de uma das torres Martello, ao longo do litoral, encontramos o
sarcástico Buck Mulligan se barbeando, daí aparece Stephen, que se
mostra ofendido com o deboche do amigo - que diz estar a mãe de
Dedalus 'bestialmente morta' - deveras inoportuno, visto o sofrimento
de Stephen, em remorsos pela morte da mãe. Durante o café da manhã,
Stephen conversa com o estudante inglês Haines, mui interessado na
cultura irlandesa. Mulligan insiste para que Stephen faça um
empréstimo com Haines, mas o jovem irlandẽs resiste, não quer
ficar em dívida com um inglês, a figura do dominador. No mais, ele
se lembra de seu pagamento lá no colégio.
Logo,
surge uma velha leiteira, uma figura popular, a representar a velha
Irlanda, com seus 'causos', em conversas sobre a vida campestre, meio
as referências a peça Hamlet, de William Shakespeare, o
bardo inglẽs. Daí uma conversa possível entre um irlandês e um
inglês, sobre nacionalismos, culpa histórica, domínio religioso,
quando Stepehn se confessa ser um servo de dois senhores: o Império
Britânico e a Igreja Católica Apostólica Romana. Como servir a
César e a Cristo?
No
episódio seguinte, podemos assistir a aula de Stephen no colégio
sobre o Império Romano, as vitórias sofridas de Pirro, rei
macedônio, enquanto observa as tiradas e digressões dos alunos, que
logo são liberados para as práticas esportivas, para alívio deles.
Stephen está preocupado com o pagamento, logo se dirige a sala do
diretor Sr. Deasy, a figura do velho Nestor, que
retorna ao assunto nacionalismo, com certa descrença em mudanças.
Stephen também anda descrente, para ele "a História é um
pesadelo do qual estou tentando acordar" ("History is a
nightmare from which I am trying to awake", Episode 2, p.
40, no original). Entre uma citação ou outra de Shakespeare, com a
figura ambiciosa de Iago [da peça Othelo], Stephen recebe o
pagamento e o Sr. Deasy solicita ao professor que entregue um texto
de autoria do diretor, sobre o problema da febre aftosa, a redação
do jonral Freeman's.
No
terceiro episódio - Protheus - temos acesso aos
pensamentos de Stephen Dedalus enquanto perambula pela praia de
Sandymount, em denso monólogo interior, misto de questões
filosóficas, como os dualismos visível e invisível, realidade e
ilusão, mescladas às recordações pessoais e familiares, vem como
a temporada em Paris - para onde ele partiu no final de Retrato do
Artista quando Jovem, como bem lembramos. A questão da presença
do Absoluto num mundo em constante metamorfose - tal o poder de
Proteu, deidade marinha - como o incessante ondular das águas do
mar. Junto a ele um cão brinca na praia, enquanto o jovem medita
sobre o mar e a morte nas águas, justamente quando vẽ um navio se
aproximar, com trẽs mastros, no horizonte.
Então
entra em cena o Sr. Leopold Bloom, ao despertar, planejando o
desjejum, que ele gosta de carne, de vísceras suculentas. É o
episódio 4, Calipso, em referência à ninfa que
abrigou Odisseu, onde conhecemos o lar do protagonista. Pouco sobre
ele, mas é só começo. Ele prepara café e presunto, com fartura,
enquanto 'conversa' com a gata de estimação, que responde animada.
É uma cena doméstica, caseira, sem rebuscamentos. No que muito se
diferencia da anterior e da posterior. É uma cena de apresentação.
Uma
caminhada até o açougue, e na volta algumas cartas sob a porta,
algumas para Bloom, de sua filha Milly e outras para Molly Bloom, a
esposa, ainda deitada. O marido entrega as cartas, prepara o café da
manhã, servindo-a na cama, a comentar sobre o funeral de Patrick
'Paddy' Dignam, que será mostrado no Episódio 6, Hades. Por
enquanto, o Sr. Bloom está na privada, lendo um conto premiado do
Sr. Purefoy, com o qual faz questão de limpar-se.
No
Episódio 5 temos os lotófagos, os entorpecidos, os
desmemoriados, segundo narrativa em Odisseia. Mas na Dublin do século
20 o Sr. Bloom perambula pela cidade, rumo a agência dos Correios.
Lá uma carta de Martha Clifford para Henry Flower, um pseudônimo de
Bloom. Andando, Bloom encontra Charlie M'Coy, que apareceu no conto
"Grace" [Graça] de Dublinenses, quando do acidente
de Tom Kernan, ocorre um breve diálogo e depois Leopold segue para a
missa, onde se deixa entre divagações sobre os ritualismos, onde é
de se pensar se os lotófagos são os religiosos, entorpecidos pelas
crenças e dogmas.
Mas
consideremos que na Irlanda adotar o catolicismo é uma forma de
resistência ao anglicanismo inglês (imposto desde o século 16,
quando o rei Henrique VIII rompeu com o papado romano), assim como
na Polônia ser um católico é enfrentar os ortodoxos russos e os
protestantes alemães. Contudo, a religião enquanto protesto não
faz sentido para Bloom, sendo nem católico nem protestante. Para ele
ser religioso seria adotar o judaísmo de seus antepassados
centro-europeus, em diáspora. Eis outro motivo de seu deslocamento
entre os dublinenses.
Em
seguida, ainda no mesmo episódio, Bloom vai a uma farmácia para
comprar um sabonete. Ao sair, ele esbarra em Bantam Lyons,
interessado numa corrida de cavalos, a Ascot Gold Cup. Ocorre
um ruído de comunicação - Bloom disse que vai jogar fora [throw
it away] o jornal - e o sujeito, achando que é um 'palpite',
resolve apostar no cavalo Jogarfora [Throwaway]. Logo se
afastam. Leopold tem pressa. Mas nada que um bom banho não resolva.
Mais
cidadãos de Dublin - e personagens de contos de Dublinenses -
aparecem no Episódio 6, Hades [onde, no canto XI,
Odisseu descera em evocações aos mortos], com o cenário do
Cemitério Glasnevin, onde a narrativa torna-se mais complexa, mais
digressiva. Os episódios aneriores são meros degraus para os que
ora se iniciam e se prolongam. No mais, personagens do episódio 6
reaparecerão nos episódios 7, 8 e 10, num crescendo de enredo e
referências. O episódio 9 é mais intelectual, com foco em Stephen
Dedalus na Biblioteca, como veremos.
Personagens
dos contos "Graça" e "Dia de Hera na Lapela",
Martin Cunnigham, Jack Power, Simon Dedalus, e o Sr. Bloom seguem
numa carruagem rumo aos funerais de Paddy Dignam, a cruzarem por
pontes sobre quatro rios, Dodder, Canal Grande, Lifey e Canal Real,
como os rios do Hades, o Mundo Inferior [São cinco rios, segundo a
mitologia, Aqueronte, Flegetonte, Letes, Cócito e Estige]. Surgem
comentários sobre luto e suicídio, e quando fala em suicidas o Sr.
Dedalus, o pai de Stephen, fita por momentos o Sr. Bloom, que assim
perdera o pai. Em seguida, Bloom avista Stephen ao longe, e após
comentário, o Sr. Dedalus deixa claro não concordar com a amizade
entre Stephen e Mulligan.
No
Glasnevin Cemetery ele encontram Tom Kernan, John H. Menton, Ned
Lambert e Corny Kelleher, o agente funerário. Ocorre uma breve missa
de réquiem. Menton indaga Lambert a respeito de Bloom. Acontece
finalmente o enterro de Dignam, enquanto divagamos sobre a finitude,
o ser humano mortal, em referências até aos coveiros de Hamlet
(peça de Shakespeare). Joe Hynes, repórter, nacionalista, feniano,
convida os demais para verem o túmulo de Charles Parnell, o líder
de outrora. Mas Leopold avista os túmulos como imagens sem glamour.
Pobre Dignam! Por fim, ele descansa na
terra em sua caixa.
Se pensar bem, é até desperdício de madeira. Apodrecem
todos. Poderiam inventar um belo carro fúnebre com um tipo
de painel deslizante para depositá-los abaixo. Mas poderia se
recusar a serem enterrados sem o companheiro de sempre.
Tão individualistas. Deixem-na terra nativa. Punhado de barro
da terra santa. Apenas mãe e criança natimorta são enterrados
no mesmo caixão. Vejo o que significa. Vejo. Proteger o quanto
possível mesmo na terra. A casa do irlandês é no caixão.
Embalsamado em catacumbas, múmias, a mesma ideia.
O Sr. Bloom ficou para trás, o chapéu em mãos, contando as
cabeças desnudas. Doze. Sou o treze. Não. O cara do imper-
meável é o treze. O número da morte. Onde o sujeito se meteu?
Juro que ele não está na capela. Ridícula essa superstição
com o treze.
É de fina lã o terno de Ned Lambert. Tonalidade roxa. Vestia
um assim quando vivemos na rua Lombard oeste. Ele já foi
um cara bem vestido. Mudava de terno três vezes ao dia.
Devia recuperar aquele terno verde que ficou com o Mesias.
Olá. Está tingido. A mulher dele, ah, esqueço que ele não é
casado ou a senhoria dele devia ter reconhecido o tecido para
ele.
O caixão mergulhou fora das vistas, abaixado fácil pelos homens
apoiados nos cavaletes da cova. Eles se esforçam: e tudo está
coberto. Vinte.
Se pensar bem, é até desperdício de madeira. Apodrecem
todos. Poderiam inventar um belo carro fúnebre com um tipo
de painel deslizante para depositá-los abaixo. Mas poderia se
recusar a serem enterrados sem o companheiro de sempre.
Tão individualistas. Deixem-na terra nativa. Punhado de barro
da terra santa. Apenas mãe e criança natimorta são enterrados
no mesmo caixão. Vejo o que significa. Vejo. Proteger o quanto
possível mesmo na terra. A casa do irlandês é no caixão.
Embalsamado em catacumbas, múmias, a mesma ideia.
O Sr. Bloom ficou para trás, o chapéu em mãos, contando as
cabeças desnudas. Doze. Sou o treze. Não. O cara do imper-
meável é o treze. O número da morte. Onde o sujeito se meteu?
Juro que ele não está na capela. Ridícula essa superstição
com o treze.
É de fina lã o terno de Ned Lambert. Tonalidade roxa. Vestia
um assim quando vivemos na rua Lombard oeste. Ele já foi
um cara bem vestido. Mudava de terno três vezes ao dia.
Devia recuperar aquele terno verde que ficou com o Mesias.
Olá. Está tingido. A mulher dele, ah, esqueço que ele não é
casado ou a senhoria dele devia ter reconhecido o tecido para
ele.
O caixão mergulhou fora das vistas, abaixado fácil pelos homens
apoiados nos cavaletes da cova. Eles se esforçam: e tudo está
coberto. Vinte.
[...]
Os coveiros usam suas pás e
arremessam pesados torrões de barro
para cima do caixão. O Sr. Bloom desviou a face. E se ele estava
vivo todo este tempo? Quê! Pelos céus, seria pavoroso! Não, não:
ele está morto, claro. Claro que ele está morto. Na segunda-feira
ele morreu. Devia ter uma lei para alfinetar o coração para ter
certeza ou um dispositivo elétrico ou um telefone no caixão e
algum tipo de tela com entrada de ar. Bandeira de aflição. Três
dias. Mais tempo a conservá-los no verão. Tão logo são fechados
logo se convence de que não existem.
A terra cai mais suave. Começa a ser esquecido. O que os olhos
veem, o coração não sente. Longe da visão, longe do coração.
para cima do caixão. O Sr. Bloom desviou a face. E se ele estava
vivo todo este tempo? Quê! Pelos céus, seria pavoroso! Não, não:
ele está morto, claro. Claro que ele está morto. Na segunda-feira
ele morreu. Devia ter uma lei para alfinetar o coração para ter
certeza ou um dispositivo elétrico ou um telefone no caixão e
algum tipo de tela com entrada de ar. Bandeira de aflição. Três
dias. Mais tempo a conservá-los no verão. Tão logo são fechados
logo se convence de que não existem.
A terra cai mais suave. Começa a ser esquecido. O que os olhos
veem, o coração não sente. Longe da visão, longe do coração.
[tradução
by LdeM]
http://leoleituraescrita.blogspot.com.br/2009/06/bloomsday-hades-trecho-em-ulysses.html
Assim
até o fim do episódio 6 sabemos mais sobre Leopold Bloom, obcecado
por imagens da morte. Ele, o filho de um suicida e pai de um menino
falecido. Ele é um corretor de anúncios, ex-caixeiro-viajante de
mata-borrões ('blotting-paper'), cujo pai, outrora dono de
hotel, se matara envenenado. Ele é casado com Marion Tweedy, a Molly
Bloom, uma soprano de algum sucesso. Ele tem um affair,
digamos, caso amoroso, através de cartas, com a Sra. Martha
Clifford, para isto usando o elegante pseudônimo de Henry Flower.
ruas de Dublin em fotos
::
http://www.emsah.uq.edu.au/old-site/ulysses/index.htm
http://www.irishcentral.com/culture/entertainment/bloomsday-tracing-james-joyces-ulysses-through-the-streets-of-dublin-photos-159232695-237598011.html
Éolo,
o episódio 7, é construído com manchetes de jornais, paródias de
editoriais, mesmices retóricas e clichês de imprensa, como um modo
de mostrar o frenesi no cotidiano de Dublin. Na redação do jornal
Freeman's Bloom encontra Red Murray, e recebe um recorte de
anúncio. Há o obituário, escrito por Hynes, sobre Paddy Dignam.
Chega, em seguida, transpirando arrogância, o dono do jornal, Sr.
William Brayden. O frenesi da imprensa: as máquinas alucinadas na
redação.
Bloom
apresenta a Nannetti, o gerente comercial, o anúncio do Sr. Keyes.
em seguida, ele adentra o escritório do editor, onde estão o Sr.
Dedalus, Ned Lambert (lendo o texto do discurso deveras retórico de
Dan Dawson), o professor MacHugh, a mordiscar um biscoito. Chega
então Jack J. O'Molloy a procura de um empréstimo, mas indiferente
Lambert continua apregoando a retórica rebuscada do texto. Chega o
editor Myles Crawford. Há uma certa 'dispersão', quando Sr. Dedalus
e Lambert saem para um drink. É mesmo uma redação
tumultuada. Entra Lenehan a trazer algumas provas e uma folha
esportiva sobre a corrida de cavalos (Ascot Gold Cup) e
arrisca um 'palpite', o cavalo Sceptre. Então Bloom dá um
telefonema e dá o fora, para acertar a renovação dos anúncios do
Sr. Keyes. Na sala do diretor pululam divagações sobre o Imperium
Romanum (of Britain).
Várias referências aos celtas, povos que originaram os irlandeses.
Aí
chega Stephen Dedalus, acompanhado por O'Madden Burke, a trazer o
artigo do Sr. Deasy (sobre febre aftosa, como vimos no episódio 2).
Mas continuam as divagações, com o diretor Crawford a sugerir a
Stephen um texto, e a lembrar furos jornalísticos, como aquele do
Sr. Ignatius Gallagher e sua reportagem sobre os assassinatos do
parque Phoenix. [Parque que será cenário em Finnegans Wake,
a obra seguinte - e mais iconoclasta - de J. Joyce] Já Jack O'Molloy
vê a decadência da eloquência, pois "Suficiente para o dia é
o jornal mesmo" (Sufficient for the day is the newspaper
thereof. Episode 7, p. 140) De fato, há gente satisfeita em ler
os jornais matutinos e nada mais... E o professor MacHugh traça seu
elogio a Oratória, referindo-se a um discurso de John Taylor.
Stephen
sugere uma rodada, uns drinks na hora do almoço. Saem Stephen
e MacHugh - falando sobre 'virgens vestais' - e depois Crawford e J.
J O'Molloy. Na rua eles encontram Leopold apressado, sem fôlego, a
insistir na questão dos anúncios do Sr. Keyes. Os senhores não lhe
dão muita atenção, e o grupo segue adiante. Pelas ruas de Dublin,
meio aos ditos informais, os mais diversos, Stephen nara uma singela
parábola sobre a Terra prometida. A mesma Agendath Netaim, lá
na distante Palestina, que atrai os pensamentos de Bloom.
Vamos
seguir todos para o Episódio 8, os Lestrígones. Na
Odisseia helênica são gigantes antropófagos que atacam a frota de
Ulisses, aqui são cidadãos esfomeados que correm para o almoço.
Pensamentos se sucedem enquanto Bloom vagueia rumo a um restaurante.
Sobre o quê? A família Dedalus, os anúncios, os outdoors, o prato
do dia. Então ele se encontra com a Sra. Breen, e ela nota o traje
de luto, e ele comenta a morte do Sr. Dignam. Ela fala sobre a
gravidez complicada de Mina Purefoy. [Saberemos mais sobre este drama
do parto no Episódio 14, que se passa no hospital.] Mas continua a
prosa da Sra. Breen, a comentar sobre a senilidade do marido, a
zombaria que fizeram com ele.
Enquanto
isto passam as figuras das ruas de Dublin, tais como o excẽntrico
Sr. Cashell Boyle Farrel. E os guardas desfilam. E o movimento
feniano, a resistência nacionalista, sobrevive aos delatores. Assim
morte e vida. Tantos morrem, outros tantos nascem. Encontra-se um
tanto deprimido pela instabilidade e voracidade da vida, ainda mais
naquela hora de 'matar a fome'. (Fome mais que uma palavra para os
irlandeses, que sofreram com terrível carẽncia de alimentos em
meados do século 19) "Esta é a pior hora do dia. Vitalidade.
Entorpecente, melancólica: odeio esta hora. Estou a me sentir como
se tivesse sido devorado e regurgitado." (trad. by LdeM.
Original: This is the very worst hour of the day. Vitality. Dull,
gloomy: hate this hour. Feel as if I had been eaten and spewed.
Episode 8, p. 164)
Bloom
observa os transeuntes, dentre eles o Sr. John Howard Parnell, irmão
do conhecido nacionalista Charles Parnell, e também vê o poeta A.E.
(George Russell), e também o Bob Doran, ébrio numa esquina. Bloom
nota os restaurantes vegetarianos, mas acaba por entrar no Burton. É
quando acontece o horror lestrigônico, naquele local de repasto, com
tanta ruminação, gula explícita, as tantas migalhas, e goles, de
dar náuseas, pois ele não suporta gente comendo como porcos, "I
hate dirty eaters."
Daí
que ele volta a perambular - tal um judeu errante - a reprovar os
apetites carnívoros, as gulas sanguinárias, sendo ele mesmo um
apreciador de boas entranhas na chapa. Mas terá inclinações
vegetarianas. Bloom acaba por entrar no boteco do Davy Byrne, onde
encontra Nosey Flynn. Lá ele pede um borgonha, um sanduíche de
queijo, uma salada fria, e segue em prosa com Flynn sobre a turnê de
Molly, sob os auspícios do Sr. Blazes Boylan. Enquanto isso as
descrições de guloseimas, e Bloom lembra-se de agradáveis momentos
com Molly. Algumas referências a corrida de cavalos. Quando Bloom se
afasta, Flynn e Byrne trocam comentários sobre a sua carreira de
anúncios para o jornal. Chegam Paddy Leonard, Bantam Lyons e também
Tom Rocheford. Todos bebem.
Bloom
volta e se despede. Continua o engano do 'palpite' para o turfe, por
mau-entendido de Bantam Lyons. Mais andanças de Bloom ao longo das
vitrines, Até ajuda um cego a atravessar a rua. medita sobre a
sensibilidade dos deficientes. Em seguida, ele toma o rumo da
Biblioteca Nacional, passando antes pelo Museu.
O
próximo episódio é Cila e Caribde, e ocorre na
Biblioteca Nacional, onde o Sr. Lyster, o bibliotecário, atende
Stephen Dedalus e seus interlocutores, John Eglinton e A.E. (George
Russell). Eles discutem seriamente um assunto deveras erudito: a peça
Hamlet de William Shakespeare, entre temas do platonismo e do
aristotelismo. Chega o Sr. Best, e menciona Haines. Stephen está
concentrado em expor sua tese de que Shakespeare é o espectral
Hamlet pai e que Hamlet filho, o príncipe, seria baseado em Hamnet,
filho de Shakespeare.
Assunto
denso, quem é o ator e autor de tantas peças magistrais?, os demais
acreditam que o trágico príncipe da Dinamarca é o próprio Bardo,
"Disse o joão-pequeno Eglinton: - Eu estava preparado paradoxos
dos quais Malachi Mulligan nos contou mas devo avisar que se você
quer abalar minha crença de que Shakespeare é Hamlet você tem uma
bruta tarefa pela frente." [ Quoth littlejohn Eglinton: - I
was prepared for paradoxes from what Malachi Mulligan told us but I
may as well warn you that if you want to shake my belief that
Shakespeare is Hamlet you have a stern task before you. Episode
9, p. 194]
Enquanto
prossegue a longa exposição da tese, com referências a Goethe,
Shelley, Francis Bacon, St. Tomas, Oscar Wilde, Bernard Shaw, Whitman
e Freud, e a 'escola vienense', além do 'judeu e o incesto', chega o
mencionado Buck Mulligan, o irônico, com todo seu escárnio (o que
irrita Stephen). Mais alguém solicita o bibliotecário, e provoca
zombarias, cifradas ou não. É o Sr. Bloom que procura um jornal com
o logo das chaves. Mulligan o observa, Stephen o ignora. Para o
iconoclasta Mulligan, o Sr. Bloom é o 'wandering Jew', o
Judeu errante.
Mas
Stephen está mais preocupado com as brumas da vida familiar do
Bardo. Os interlocutores defendem que se deve separar a obra do
autor. Parece que nem Stephen acredita na própria tese. Por fim,
Mulligan retira Stephen da sala, a presentando-lhe sua ideia para uma
encenação-bufa, "Everyman his own wife". Quase uma
antecipação do Episódio 15 em estilo de teatro expressionista. Mas
Stephen ainda se questiona, absorto nas peças enigmáticas do Bardo
inglês, "Hamlet era um louco?" Ao saírem da Biblioteca,
Mulligan encontra novamente Bloom, 'O judeu errante', ele indica.
Temos
o Episódio 10, dos Rochedos, ou The
Wandering Rocks, cerca de 1/3 do livro. Seguimos pelas
ruas de Dublin, quase trẽs horas da tarde. Lá estão as figuras
dos episódios anteriores, dos contos de Dublinenses, que
receberam alguma menção, todos em seus afazeres, cada um segue um
rumo, e Bloom no meio deles, como a se desviar de rochas. O reverendo
John Conmee S.J. cumprimentando os passantes; também Corny Kelleher,
Katey e Boody Dedalus, irmãos de Stephen.
Cenas
se sucedem. B. Boylan compra um presentinho (que será para Molly
Bloom), enquanto Stephen conversa com o italiano Almidano Artifoni,
um professor de música, enquanto isso Miss Dunne, a
secretária de Boylan, datilografa a data. estamos em 16
de junho de 1904. É uma quinta-feira. Também encontramos Ned
Lambert, Jack J. O'Molloy, e Tom Rochfort, Nosey Flynn e Lenehan -
que mencionam Bantam Lyons - veem Bloom e M'Coy. Bloom escolhe um
romance numa livraria.
A
narrativa segue dispersa, fragmentada, ao longo do labirinto de ruas.
Dilly e seu pai, Simon Dedalus, e também o Sr. Kernan, um
comerciante, e por ali, Stephen a olhar as vitrines, daí encontra
sua irmã Dilly, e então pode sentir toda a pobreza que assola a
família, enquanto ele se dedica à sua vida erudita, e o Sr. Dedalus
e o padre Cowley encontram o folgado Ben Dollard. E Martin Cunningham
conversa com o Sr. Power, e ambos encontram John Wyse Nolan. Eles
planejam uma ajuda aos órfãos de Paddy Dignam. Enquanto isso, Buck
Mulligan apresentando Dublin a Haines aponta, ao inglês, o irmão de
Parnell.
O
italiano Artifoni e Cashel Boyle Farrell seguem pelas ruas. Também
Patrick Aloysius Dignam, o Jovem Dignam, filho do falecido. Desfile
do conde de Dudley pelas ruas e as muitas reações dos protagonistas
e figurantes diante da cavalgada do vice-rei.
O
próximo episódio é o das Sereias, acontece na sala
de concertos e está baseado na arte musical. No bar do Ormond Hotel
duas senhoritas observam o desfile de bijouterias e enfeites na
cavalgada do conde de Dudley. E uma delas, a Miss Douce, está
atenta ao Sr. Bloom. Ele, por sua vez, está a pensar em estátuas de
deusas do Museu, e no sujeito que ele viu na Biblioteca com o
Stephen, e julga ser o tal do Mulligan. E continua a se preocupar com
o anúncio do Sr. Keyes, e receia o encontro de Molly e de Boylan.
Simon
Dedalus chega ao bar. Aparece Lenehan, que ali marcara um papo com
Boylan, e vem cumprimentar o Sr. Dedalus, e lembra do drink com
Stephen e o pessoal da redação. Bloom pensa em uma carta para
Martha, e logo chega Boylan, a distribuir gentilezas. Ben Dollard e o
padre Cowley seguem pelo salão, Simon se junta a eles, e conversam,
junto ao piano, sobre trajes, e também sobre Poldy e Molly.
Bloom,
acompanhado por Richie Goulding, o tio de Stephen, janta fatias de
fígado, enquanto Boylan segue de carro pelas ruas. Temos fragmentos
das conversas do 'trio' no salão. E acordes de piano, e a voz
profunda de Ben Dollard. Simon e o padre Cowley ao piano: 'Martha',
ária de Flotow. Há todo um deslizar de acordes e das ideias, o que
compõe o enredo do episódio. É mais destaque para o modo o do que
para o narrado - a forma, a música, fala por si mesma.
Bloom
decide escrever ali mesmo uma carta para Martha. Enquanto isso,
Boylan segue pelas ruas. E Bloom pensa na 'misteriosa natureza' da
música, e mantém conversa com Goulding enquanto vai elaborando a
carta. Boylan estaciona o carro e toma um cabriolé. No bar do Hotel,
Miss Douce desfila
com seu acompanhante, George Lidwell, entre árias e minuetos. São
acordes de um minueto de "Don Giovanni", uma ópera da
sedução. Boylan chega para seu encontro com Molly, enquanto Padre
Cowley sugere a Ben Dollard em outra melodia. Kernan e Simon pedem
"The Croppy Boy", um tema da traição.
E
Bloom pensa na ruína financeira de Dollard ao pagar a conta e
despedir-se de Goulding, e enquanto ele sai todos ouvem comovidos a
melodia. Bloom observa Miss Douce, ali ao lado, seduzida,
hipnotizada. Enquanto isso, Molly abre a porta para Boylan. Bloom
lembra de uma noite na ópera, ele acompanhado pela fulgurante Molly.
Ao ápice da canção, Bloom deixa o Ormond e, ainda na calçada,
ouve os aplausos.
Dentro
do Ormond, vários comentários tecidos sobre o casal Bloom, enquanto
bebidas rolam livremente. Bloom carrega consigo sua solidão e
frustração, sabe que tudo está perdido. ele repara numa
prostituta, pensa reconhecê-la, mas a evita. Na vitrine defronte
Bloom vê uma imagem de Robert Emmet (1778-1803), nacionalista
irlandês e republicano, um mártire patriota.
Após
a solidão e a amargura, Bloom sofrerá, em sua jornada pela Dublin
da Belle Époque, a hostilidade declarada dos nacionalistas
xenófobos irlandeses, que passam o dia bebendo nas tavernas. É o
episódio 12, onde defrontará o Ciclope.
continua
...
>>>
p2
abr/16
by
Leonardo de Magalhaens
Referências
ELLMANN,
Richard. James Joyce. São Paulo: Globo, 1989.
JOYCE,
James. ULISSES. trad. Antonio Houaiss. São Paulo: Abril
Cultural, 1980.
Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
___________
. ULISSES. trad. Bernardina Pinheiros. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2005
___________
. ULISSES. trad. Caetano W. Galindo. São Paulo: Penguin
Companhia das Letras, 2012
___________
. Ulyssses. London, Penguin books, 1971.
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